Gabo: memória e redenção

Resenha sobre “Memórias de minhas putas tristes”, último romance escrito por Gabriel García Márquez

resenhas

Há já alguns anos, em uma das costumeiras noites geladas de Porto Alegre, no 8º Festival de Inverno, o escritor e tradutor Eric Nepomuceno se dispôs a falar de dois de seus amigos: Eduardo Galeano e Gabriel García Márquez. O título dessa conversa, portanto, não nos escondia nada: Sangue Latino: Eric Nepomuceno fala sobre Galeano e García Márquez, a não ser a amizade entre eles nutrida. À época, todos estavam vivos. Hoje, apenas Nepomuceno. De García Márquez, ou Gabo, como referia o amigo, nos restou, além de uma vasta e belíssima obra escrita, apenas o primeiro volume de uma trilogia não escrita de suas memórias. Eric nos contou um causo sobre elas, um pouco para falar de Gabo pelo que não foi escrito.
Continue Lendo “Gabo: memória e redenção”

Agora só falta a obra

card-cronicas

Dias atrás, em decorrência dos cinquenta anos de Cem anos de solidão, reli algumas histórias sobre a “Odisséia literária” de sua escrita e sobre Gabo. Algumas conheci no ano de sua morte, em versões sensivelmente diferentes ou diferenciadas pelas erosões de minha memória. A história de que mais gosto é de quando o escritor e sua mulher Mercedes foram ao correio enviar os originais para editora.

A-ourivesaria-de-Cem-anos-de-solidão
Cem anos de solidão

Continue Lendo “Agora só falta a obra”

Quais as formas de conhecimento? – V

Modelo Card

Após uma semana sem ministrar aulas no Padre Reus, retornei com o resultado das avaliações e com uma nova proposta de exercícios para fazermos. A ideia inicial da primeira avaliação é que ela valesse como prova, ao mesmo tempo que permitiria, aos estudantes que não atingissem nota suficiente ou mesmo àqueles que quisessem aumentar sua nota, que o refizessem como trabalho de recuperação, dado que era relativamente complexo. No entanto, devido à essa semana que não dei aula, achei que o estágio acabaria nessa última semana, como era a previsão inicial. Por isso, como não poderia fazer da avaliação um instrumento didático por falta de tempo, resolvi fazê-la apenas como um trabalho, com o qual pontuaria aqueles que o tivessem entregue. As observações, obviamente, continuariam valendo a eles como aprendizado.
Continue Lendo “Quais as formas de conhecimento? – V”

Chile, el golpe y los gringos

“A fines de 1969, tres generales del Pentágono cenaron con cuatro militares chilenos en una casa de los suburbios de Washington. El anfitrión era el entonces coronel Gerardo López Angulo, agregado aéreo de la misión militar de Chile en los Estados Unidos, y los invitados chilenos eran sus colegas de las otras armas. La cena era en honor del Director de la escuela de Aviación de Chile, general Toro Mazote, quien había llegado el día anterior para una visita de estudio. Los siete militares comieron ensalada de frutas y asado de ternera con guisantes, bebieron los vinos de corazón tibio de la remota patria del sur donde había pájaros luminosos en las playas mientras Washington naufragaba en la nieve, y hablaron en inglés de lo único que parecía interesar a los chilenos en aquellos tiempo: las elecciones presidenciales del próximo septiembre. A los postres, uno de los generales del Pentágono preguntó qué haría el ejército de Chile si el candidato de la izquierda Salvador Allende ganaba las elecciones. El general Toro Mazote contestó: “Nos tomaremos el palacio de la Moneda en media hora, aunque tengamos que incendiarlo”

Continue Lendo “Chile, el golpe y los gringos”

É lógico que Deus existe? – I

Modelo Card

A pergunta que abre essa nova série de relatos foi, implicitamente, uma pergunta fulcral para a filosofia medieval. E a palavra “lógico” presente no título não deve ser entendida de forma inocente em seu amplo sentido, mas com um sentido mais preciso de modo tal que a pergunta possa ser reformulada de outra forma: posso provar logicamente que Deus existe? Essa é a pergunta base que guiará a sequência de aulas por vir, e ela também pressupõe um instrumental que será desenvolvido durante seu percurso.
Continue Lendo “É lógico que Deus existe? – I”

José Arcadio e a prova da inexistência de Deus

Card Literatura

“Enquanto isso, Melquíades acabou de plasmar nas suas placas tudo o que era plasmável em Macondo e abandonou o laboratório de daguerreotipia aos delírios de José Arcadio Buendía, que tinha resolvido utilizá-lo para obter a prova científica da existência de Deus. Mediante um complicado processo de exposições superpostas, tomadas em lugares diferentes da casa, estava certo de fazer mais cedo ou mais tarde o daguerreótipo de Deus, se existisse, ou acabar de uma vez por todas com a suposição da sua existência. (…)
Continue Lendo “José Arcadio e a prova da inexistência de Deus”